quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Receita Milenar

Fonte: O EVANGELHO ESSÊNIO DA PAZ
Edmond Bordeaux Szekely


"“Como deveríamos cozer sem fogo o pão de cada dia, Mestre?”, perguntaram alguns com desconcerto.

Deixai que os anjos de Deus preparem vosso pão. Umedecei vosso trigo para que o anjo da água o penetre. Colocai-o então ao ar, para que o anjo do ar o abrace também. E deixai-o da manhã à tarde abaixo do sol, para que o anjo da luz do sol desça sobre ele. E a bênção dos três anjos fará com que o gérmen da vida brote em vosso trigo. Triturai então em migalhas e fazei finas fatias, como fizeram vossos antepassados quando partiram do Egito, terra da escravidão. Ponde-as de novo sob o sol e, quando este estiver no seu ponto mais alto no céu, virai-lhes ao contrário para que o anjo da luz do sol as abrace também pelo outro lado, e deixai-os assim até que o sol se ponha. Pois os anjos da água, do ar e da luz do sol alimentaram e maturaram o trigo no campo, e eles devem igualmente preparar também vosso pão. E o mesmo sol que, com o fogo da vida, fez com que o trigo crescesse e maturasse, deve cozer vosso pão com o mesmo fogo. Pois o fogo do sol dá vida ao trigo, ao pão e ao corpo. Porém o fogo da morte mata o trigo, o pão e o corpo. E os anjos vivos do Deus Vivo somente servem a homens vivos, Pois deus é o Deus do vivo e não Deus do morto."

domingo, 13 de dezembro de 2009

Apocalipse Agora

Por Frei Betto

O fim do mundo sempre me pareceu algo muito longínquo. Até um contrassenso. Deus haveria de destruir sua Criação? Hoje me convenço de que Deus nem precisa mais pensar em novo dilúvio. O próprio ser humano começou a provocá-lo, através da degradação da natureza.

Os bens da Terra tornaram-se posse privada de empresas e oligopólios. A causa de 4 bilhões de seres humanos viverem abaixo da linha da pobreza, e 1,2 bilhão padecer fome, é uma só: toda essa gente foi impedida de acesso à terra, à água, à semente, às novas técnicas de cultivo e aos sistemas de comercialização de produtos.

A decisão dos EUA e da China de ignorarem a Conferência de Copenhague sobre Mudanças Climáticas torna mais agônico o grito da Terra. Os dois países são os principais emissores de CO2 na atmosfera. São os grandes culpados pelo aquecimento global. Ao decidirem boicotar Copenhague e adiar o compromisso de reduzirem suas emissões, eles abreviam a agonia do planeta.

Felizmente, a 25 de novembro o presidente Obama, sob forte pressão, voltou atrás e desdisse o que falara em Pequim. Os EUA, responsáveis por 23% das emissões mundiais de CO2, prometerá em Copenhague reduzir, até 2020, 17% das emissões de gases de efeito estufa; 30% até 2025; e 42% até 2030.

Por que o recuo? Além da pressão dos ecologistas, Obama deu-se conta de que ficaria mal na foto ignorar Copenhague e comparecer em Oslo, dia 10 de dezembro – quando se comemora o 61º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos – para receber o prêmio Nobel da Paz. Portanto, na véspera estará na capital da Dinamarca.

Curioso, todos os prêmios Nobel são entregues em Estocolmo, exceto o da Paz. Por uma simples e cínica razão: a fortuna da Fundação Nobel, sediada na Suécia, resulta da herança do inventor da dinamite, Alfred Nobel (1833-1896), utilizada como explosivo em guerras. Como não teve filhos, Nobel destinou os lucros obtidos por sua patente a quem se destacar em determinadas áreas do saber.

Há uma lógica atrás da posição ecocida dos EUA e da China. São dois países capitalistas. O primeiro, abraça o capitalismo de mercado; o segundo, o de Estado. Ambos coincidem no objetivo maior: a lucratividade, não a sustentabilidade.

O capitalismo, como sistema, não tem solução para a crise ecológica. Sabe que medidas de efeito haverão de redundar inevitavelmente na redução dos lucros, do crescimento do PIB, da acumulação de riquezas.

Se vivesse hoje, Marx haveria de admitir que a crise do capitalismo já não resulta das contradições das forças produtivas. Resulta do projeto tecnocientífico que beneficia quase que exclusivamente apenas 20% da população mundial. Esse projeto respalda-se numa visão de qualidade de vida que coincide com a opulência e o luxo. Sua lógica se resume a “consumo, logo existo”. Como dizia Gandhi, "a Terra satisfaz as necessidades de todos, menos a voracidade dos consumistas".

Exemplo disso é a recente crise financeira. Diante da ameaça de quebra dos bancos, como reagiram os governos das nações ricas? Abasteceram de recursos as famílias inadimplentes, possibilitando-as de conservar suas casas? Nada disso. Canalizaram fortunas – um total de US$ 18 trilhões - para os bancos responsáveis pela crise. Eduardo Galeano chegou a pensar em lançar a campanha “Adote um banqueiro”, tal o desespero no setor.

O planeta em que vivemos já atingiu os seus limites físicos. Por enquanto não há como buscar recursos fora dele. O jeito é preservar o que ainda não foi totalmente destruído pela ganância humana, como as fontes de água potável, e tentar recuperar o que for possível através da despoluição de rios e mares e do reflorestamento de áreas desmatadas.

Ecologia vem do grego "oikos", significa casa, e "logos", conhecimento. Portanto, é a ciência que estuda as condições da natureza e as relações que entre tudo que existe - pois tudo que existe co-existe, pré-existe e subsiste. A ecologia trata, pois, das conexões entre os organismos vivos, como plantas e animais (incluindo homens e mulheres), e o seu meio ambiente.

Essa visão de interdependência entre todos os seres da natureza foi perdida pelo capitalismo. Nisso ajudou uma interpretação equivocada da Bíblia - a ideia de que Deus criou tudo e, por fim, entregou aos seres humanos para que "dominassem" a Terra. Esse domínio virou sinônimo de espoliação, estupro, exploração. Os rios foram poluídos; os mares, contaminados; o ar que respiramos, envenenado.

Agora, corremos contra o relógio do tempo. O Apocalipse desponta no horizonte e só há uma maneira de evitá-lo: passar do paradigma de lucratividade para o da sustentabilidade.

sábado, 21 de novembro de 2009



Força da paz
Cresça sempre, sempre mais
Que reine a paz e acabem as fronteiras
Nós somos um

Amor, amor, amor, amor, amor
Essa canção é do amor

domingo, 1 de novembro de 2009

Carta Aberta a Comunidade

Prezados amigos terráqueos,



Sinto que estamos passando por um momento de profundas transformações, principalmente no que diz respeito ao meio-ambiente e à forma como nos relacionamos e usufruímos de seus recursos. Felizmente, percebo que iniciativas diversas, as quais buscam alternativas para a preservação do planeta, proliferam ao nosso redor, o que me inspirou a agir de alguma maneira. Por isso, hoje, em pleno domingo, resolvi escrever esta carta aberta à comunidade.



A maneira como nos organizamos sobre a Terra, em termos sociais e econômicos, segundo uma lógica de consumo e um paradigma urbano-industrial, vem se mostrando insustentável, se considerarmos que já consumimos, anualmente, 25% a mais dos recursos que nosso meio poderia oferecer. E o que é mais grave: se o mundo inteiro passar a seguir os padrões de consumo norte-americanos, europeus e japoneses, que são cada vez mais disseminados com a globalização, serão necessárias mais duas ou três Terras para suportar a demanda!



A poluição das águas marítimas e fluviais é iminente, bem como do ar, por meio de gases poluentes emitidos principalmente pela indústria e, como no caso brasileiro, por queimadas criminosas, ameaçando a atmosfera terrestre. As poucas florestas que nos restam vão dando lugar a uma ocupação humana desordenada ou à expansão desenfreada de fronteiras agropecuárias. Enfim, um cenário verdadeiramente distópico está sendo construído bem embaixo de nossos narizes!



Será, meu amigo, que isto irá durar para sempre? Será que os nossos netos poderão viver da mesma forma que você hoje? Com certeza não! A hora da mudança é agora. A "geração da mudança" já está sobre a Terra e precisamos fazer uma revolução em nossas mentes e corações. Amar mais, compartilhar, ter compaixão, pensar e cuidar do planeta como se fosse nossa casa, nosso quarto, nossa cama!



Para isto acontecer precisamos reduzir nosso consumo, precisamos distribuir nosso excedente, precisamos repensar nossos atos. Ação e reação. Tudo tem uma conseqüência. O nosso modo de viver também. Cada um tem sua forma de viver e pensar, e o que torna a humanidade tão maravilhosa é esta diferença, é está pluralidade subjetiva. Agora é o momento que precisamos olhar para os povos antigos, aqueles que ainda vivem de um modo sustentável, em harmonia com a natureza, e ter a humildade de aprender um pouco com os mesmos. Pois, apesar dos grandes avanços tecnológicos desenvolvidos pelo homem branco, o know-how então adquirido não está sendo direcionado devidamente para a solução das questões ambientais, por mais evidentes que sejam. É preciso, acima de tudo, um uso responsável e ético da tecnologia, que vise ao bem geral da humanidade e, por conseguinte, do planeta Terra.



A mudança que esperamos não virá de cima, isto é, não será uma iniciativa das autoridades, mas de cada um de nós. Nós somos o sistema; nós somos Brasília, nós somos o Brasil, nós somos a humanidade! Então que seja a hora de darmos este passo juntos para uma nova forma de viver. Vamos ser éticos, amigos terráqueos. Vamos ter cuidado com o planeta, cuidado com as pessoas, distribuir os excedentes, e dar limites ao consumo. Vamos fazer de hoje o 'amanhã' que desejamos para nossos filhos. Vamos brilhar, vamos nos perpetuar, vamos ser e prosseguir!



Muita esperança imprimo nessas palavras e na mudança que as mesmas poderão promover. Não se deixe levar pela força da rotina! Não caia na ociosidade, na alienação e na 'disfunção narcotizante' a que o sistema freqüentemente nos submete! Vamos pensar criticamente, refletir e AGIR!





Um grande abraço de apenas mais um terráqueo preocupado.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ser humano: poético e prosaico

Disse um dos mais inspirados poetas alemães Friedrich Hölderin (1770-1843):”é poeticamente que o ser humano habita a Terra”. Completou-o mais tarde um pensador francês, Edgar Morin: ”é também prosaicamente que o ser humano habita a Terra”. Poesia e prosa, além de gêneros literários, expressam dois modos distintos de ser.

A poesia supõe a criação que faz com que a pessoa se sinta tomada por uma força maior que ela, que lhe traz conexões inusitadas, iluminações novas, rumos novos.

Sob a força da criação, a pessoa canta, sai da rotina e assume caminhos diferentes. Emerge então o xamã que se esconde dentro de cada um, aquela disposição que nos faz sintonizar com as energias do universo, que capta o pulsar do coração do outro, da natureza e do próprio Deus. Por esta capacidade se desocultam supreendentes sentidos do real.

“Habitar poeticamente a Terra” significa senti-la como algo vivo, evocativo, grandioso e mágico. A Terra são paisagens, cores, odores, imensidão, fascínio e mistério.

Como não se extasiar diante da majestade da floresta amazônica com suas árvores quais mãos ao alto tentando tocar as nuvens, com o emaranhado de seus cipós e trepadeiras, com as nuances sutis de seus verdes, vermelhos e amarelos, com os trinados das aves e a profusão de frutos?

Como não se quedar boquiaberto diante da imensidão das águas que se espraiam mato adentro e descem molemente para o oceano? Como não sentir-se tomado de temor reverencial quando se anda horas e horas pela floresta virgem como me tocou várias vezes com Chico Mendes?

Como não se sentir pequeno, perdido, bichinho insignificante face à incontável biodiversidade?

Habitamos poeticamente o mundo quando sentimos na pele o frescor da manhã, quando padecemos sob a canícula do sol a pino, quando serenamos com o cair esmaecido da tarde, quando nos invade o mistério da escuridão da noite.

Estremecemos, vibramos, nos enternecemos, nos aterramos extasiados diante da Terra em sua inesgotável vitalidade e no encontro com a pessoa amada. Então todos vivemos o modo de ser poético.

Lamentavelmente, são cegos e surdos e vítimas da lobotomia do paradigma positivista moderno aqueles que vêem a Terra simplesmente como laboratório de elementos físico-químicos, como um conglomerado desconexo de coisas justapostas. Não. Ela é viva, Mãe e Pacha Mama.

Mas habitamos também prosaicamente a Terra. A prosa recolhe o cotidiano e o dia-a-dia cinzento, feito de tensões familiares e sociais, com os horários e os deveres profissionais, com discretas alegrias e disfarçadas tristezas.

Mas o prosaico esconde também valores inestimáveis, descobertos depois de longa internação num hospital ou quando regressamos, pressurosos, após penosos meses fora de casa.

Nada mais suave que o desenrolar sereno e doce dos horários e dos afazeres caseiros e profissionais. Temos a sensação de uma navegação tranquila pelo mar da vida.

Poético e prosaico convivem, se complementam e se revezam de tempos em tempos. Temos que zelar pelo poético e pelo prosaico de nossas vidas, pois ambos se complementam e estão ameaçados de banalização.

A cultura de massas desnaturou o poético. O lazer que seria ocasião de ruptura do prosaico foi aprisionado pela cultura do entretenimento que incita ao excesso, ao consumo de álcool, de drogas e de sexo. É um poético domesticado, sem êxtase, um desfrute e sem encantamento.

O prosaico foi transformado em simples luta darwiniana pela sobrevivência, extenuando as pessoas com trabalhos monótomos, sem esperança de gozar de merecido lazer.

E quando chega o lazer, ficam reféns daqueles que já pensaram tudo para elas, organizaram suas viagens e fabricaram-lhes experiência inesquecíveis. E conseguiram. Mas como tudo é artificialmente induzido, o efeito final é um doloroso vazio existencial. E ai tome depressivos.

Saber viver com leveza o prosaico e com entusiasmo o poético é indicativo de uma vida densamente humana.

Por Leonardo Boff.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Reflexões sobre as Árvores

As árvores nascem, crescem, se reproduzem e se transformam. Elas criam beleza e a arte em suas formas é inegável. Têm uma sabedoria acumulada de muitas gerações e as mais criativas maneiras de se adaptarem mostram uma arte única e deslumbrante aos olhos de um observador. São a casa de muitos seres e providenciam, além de abrigo do sol ou da chuva, alimentos fartos para a comunidade da Terra. Atraem diversidade, água, inspiração e conectividade com o misterioso. O que mais posso lhes dizer? O que mais elas precisam nos mostrar? Como podemos ver esses seres vivos evoluidíssimos como simples objetos materiais inferiores? Como uma parte da comunidade da Terra que não possui inteligência? Enquanto nós ditos pensadores fazemos guerras e mergulhamos em poços de futilidades sem fim para viver! Me desculpem os antropocêntricos mas no meu curto caminho de vida percebi que estes seres que chamamos de árvores, têm uma sabedoria anos luz a frente da nossa. Observe, contemple e interaja. Plantemos árvores para criar abundância de sabedoria na Terra, criar vida, criar arte, criar inspiração, criar recursos. Que habilidade maravilhosa que o misterioso nos deu, plantar e favorecer o crescimento de seres iluminados e sábios.

Abundância

O medo acabou, não precisamos mais dele. Sem ele teremos abundância, com abundância teremos amor. Esta aí na sua frente. Quebre as amarras do medo e verá. Saia do paradigma competitivo e vivenciará. Não mais terá barreiras. É simples sim. Não fiquemos encabulados com uma solução simples para problemas tão complexos. É simples sim! E a hora é agora. O fluxo começa a virar de direção e o caldo a engrossar. Velhos, jovens, crianças, mosquitos, macacos e pererecas. Todos um só. A consciência se elevará e viveremos uma vida de verdade, uma vida de luz, de paz, de presença, de espírito, de cooperação. É possível sim! Basta querer! Simples sim. Viva a abundância de espírito na vida.

Vida e Morte

Viver para que
Viver para vê
Vê o que
Vê a vida
O que é vida
A vida é viva
E o que está vivo
Tudo está vivo
E o que está morto
Tudo está morto
Como é estar vivo e morto
Sendo como as árvores
que estão sempre se renovando
com seus galhos, folhas e sementes
E depois sua madeira
na Terra
Se transformando em terra e vida
Muita vida
e a vida gera morte
e a morte
vida
vida e morte
morte e vida

domingo, 30 de agosto de 2009

Poesia aflora no sertão

A Flor do Sertão

O Sertão é verde
O Sertão é frio
Chove sim, cai do céu
Sorriso tem
E confiança também
Povo trabalhador e tranquilo
Sem medo nos olhos
Felicidade Abundante
Simplicidade que vigora
Agora entendo
Como a vida
Mostra muitos jeitos
E o certo
Não há
Cada caminho é um
E o respeito ao caminho do próximo
é um belo começo de caminho
Possibilidades irradiantes encontro
nas flores
do sertão

Borboletas de Marizá

O que é, se faz possível
De todas as formas, e me disse
Em forma de borboleta: Amar
Além do concreto
Além do asfalto
Além do muro erguido
Além da fumaça
Além do mormaço
Além da linha de fogo, troca de tiros
Além do semáforo
Além da faixa de atropelamento
Pare. Atenção. Siga. Na contramão persista
Além do tráfego
Além do tráfico de
Órgão. Corpos. Seres vivos e não-vivos
Além do alçar vôo
De crianças de sete anos
Aeroporto de âncoras enferrujadas, kamikazes
de sonhos
Além dos sorrisos descoloridos
Além dos ternos monocromo-acinzentados
Além dos passos rápidos por falta de motivos
Além das janelas de repartições
Além de birôs de departamentos
Além de varas de jurisdições
Além de protocolos
Além das fixas de cadastros
Preenchimentos de segundas vias
Além de pulos de prédios com quinze andares
Além de jogar-se no trilho do trem
Além do compulsivo esbelto, anfetaminas.
Além, muito além de qualquer
Cerca eletrificada, documento de propriedade
Numero de identidade, registro civil
Além de nós mesmos, dentro de si mesmo
Além do olho-bisturi e ouvidos-ratoeira
Além da boca castradora
Encontrei céu aquarelado
Encontrei azul, nublado
Alaranjado, multicolor
Encontrei flores amarelas
Encontrei vermelho, rosa
Encontrei Mandacaru, Uricuri, Juá
Encontrei o pote
Onde fadas guardam perfumes
Polens reluzentes primaveris
Encontrei o pote dos duendes
E não havia as minhas sandálias
Achei seixos com pinturas de mandalas
Encontrei o pote onde arco-íris
Deságua, borboletas e grilos
Tocam a música que flori o sertão
Encontrei casa de oito lados
Cajueiros aos quais eu era neto
Encontrei ganso ou pato ou marreco ou Geraldo
Encontrei o caminho das pedras
Que rodopiavam até o Ganges
Lugar sagrado onde me encontrei
Encontrei a fogueira da minha inteireza
Onde o cacique alisa meus cabelos
Aquece minha face, afaga meus sonhos
Encontrei cura, sanação pelas mãos
Através das mãos, meditação
Sob estrelas e lua plena
Encontrei pedras altas
Onde o vale encantado se mostrava
Como grande sorriso de amor
Encontrei a bruxa branca
Semeadora do transformar
Encontrei-me novamente, ah... Marizá.

Por Philippe Wollney

As Peles do Homem - As Casas de Deus

Assim como a Mãe e seu Filho(a) compreendem, através de uma sabedoria Maior, um ao outro,
relacionando-se numa dança Sagrada, nuntrindo-se...
assim é a Sagrada Relação de todos os filhos e a Terra Mãe.

Nutrir-se um ao outro? não é a Mãe que sempre nutre ao filho?
...que é amamentado e sustentado por Sua Mãe?
de um certo ponto de vista isso é verdade...
entretanto também nutrimos nossa Mãe com partcipação ativa/criativa

... os fihos/as atingem sua maturidade e essa interação passa por suas transformações,
de filho, agora maduro ele(a) se transforma em amante, esposo e pai.
Um amante que agora ama a Terra,
um esposo que agora ama e semeia a Terra
um Pai que agora cuida da Terra e de seus filhos,
junto da agora Mãe, Esposa e Anciã.
E é Como Anciã a Terra nos diz sua Sabedoria.

Entretanto esquecemos como é ser Filhos,
quiçá esposos, e mais ainda não sabemos co-criar com a Terra, não sabemos ser Pai/Mãe com a Terra.
não sabemos mais ouvi-la como anciã.

"As Peles do Homem - As Casas de Deus"
propõem esse reaprendizado,
inspirado no trabalho do Austríaco Hunderwatsser,
que nos diz sobre As Peles do Homem(Ser Humano):
a primeira pele a Epiderme,
a Segunda pele nossa Roupa,
a terceira Pele a Casa,
a quarta pele a Sociedade, as relações,
a quinta pele o Eco, o Ambiente a Terra...
Já de saída essa concepção nos remete à responsabilidade enquanto parte ativa,
afetantes/afetados por todas as "peles"
d'onde cada pele influencia e é influenciada pelas outras...
todas "Casas de Deus"
onde agora não mais o Homem (ser humano) ocupa um lugar central/antropocêntrico
mas sim como sendo mais uma manifestação do Divino, da Divindade, de Deus Mãe Pai, que habita em todas as coisas,
em todas as "Casas", em todas as Peles.

E é aqui que entra a Permacultura,
como uma ciência Integrativa
que compreende as peles do Homem,
que compreende a integração entre as peles do Homem
e as Casas de Deus

fonte: http://www.humanaterra.blogspot.com/

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Passagem do Sertão...

"...esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena. Quem, senão um exilado, arriscar-se-ia a destruir esta bela terra com a guerra nuclear e a poluição ambiental? Sentirmo-nos como exilados solapa nosso incentivo para mudar a perspectiva. Condicionaram-nos a acreditar que somos máquinas - que todas as nossas ações são determinadas pelos estímulos que recebemos e por nosso condicionamento anterior. Como exilados, não temos responsabilidade nem escolha. E o livre-arbítrio é uma miragem."

fonte: Amit Goswami - O UNIVERSO AUTOCONSCIENTE (consultado na biblioteca do Marizá Epicentro)

http://www.scribd.com/doc/3079992/Amit-Goswami-O-UNIVERSO-AUTOCONSCIENTE-Como-a-Consciencia-Cria-o-Mundo-Material?autodown=pdf

terça-feira, 30 de junho de 2009

Pequenas citações

AOS ESFARRAPADOS DO MUNDO
E AOS QUE NELES SE
DESCOBREM E, ASSIM
DESCOBRINDO-SE, COM ELES
SOFREM, MAS, SOBRETUDO,
COM ELES LUTAM.

(Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido)
http://www.scribd.com/doc/16963665/Paulo-Freire-Pedagogia-do-Oprimido



"Assistimos ao esforço fantástico dos monopolizadores do ter, do saber e do poder para nos reduzir a simples galinhas. Para nos manter somente nos limites estritos do galinheiro e do terreiro. Para nos subordinar aos seus interesses. Eles são os principais responsáveis pelas ameaças de devastação e de autodestruição que pesam sobre a Terra e sobre toda a humanidade. Para continuar a usufruir dos privilégios usurpados, se fazem surdos ao clamor dos milhões e milhões de sofredores de todo o mundo e surdos ao grito lancinante da Terra. Atrevem-se a sufocar nossa águia interior, águia que nos impulsiona a gritar, a protestar, a resistir e a buscar caminhos de libertação."

(Leonardo Boff, A Águia e a Galinha)
http://www.scribd.com/doc/16963652/Leonardo-Boff-A-Aguia-E-A-Galinha

domingo, 14 de junho de 2009

sábado, 13 de junho de 2009

Desafio Ético

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete,
da Mongólia, do Japão e da China.
Eram homens serenos, comedidos, recolhidos em paz em seus
mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a
sala de espera cheia de executivos,
com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente
comendo mais do que deviam.
Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa,
mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos
comiam vorazmente.
Aquilo me fez refletir: "Qual dos dois modelos produz felicidade?"
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e
perguntei: "Não foi à aula?"
Ela respondeu: "Não, tenho aula à tarde".
Comemorei: "Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir
até mais tarde".
"Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..." "Que tanta
coisa?", perguntei.
"Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar
seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: "Que pena, a Daniela não disse: "Tenho aula de
meditação!"
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente
equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o
QI, é a IE, a Inteligência Emocional.
Não adianta ser um super-executivo se não se consegue se
relacionar com as pessoas.
Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas
de meditação!
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960,
seis livrarias e uma academia de ginástica;
hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias!
Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a
desproporção em relação à malhação do espírito.
Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:
"Como estava o defunto?".
"Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!"
Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da
ociosidade amorosa?
Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir- se
na realidade, conhecer a realidade.
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual.
Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega AIDS, não há
envolvimento emocional, controla- se no mouse.
Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma
amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o
seu vizinho de prédio ou de quadra!
Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não
há compromisso com o real!
É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de
sentimentos:
somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.
Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também
eticamente virtuais.
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o
refinamento do espírito.
Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um
problema:
a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um
pouco menos cultos.
A palavra hoje é 'entretenimento' ; domingo, então, é o dia
nacional da imbecilização coletiva.
Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no
palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão
de que felicidade é o resultado da soma de prazeres:
"Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa,
comprar este carro, você chega lá!"
O problema é que, em geral, não se chega!
Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba
precisando de um analista.
Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos
seus pacientes. Colocá-los onde?
Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma
sugestão.
Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro.
Porque, para fora, ele não tem aonde ir!
O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo,
começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse
condicionamento globalizante, neoliberal, consumista.
Assim, pode-se viver melhor.
Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são
indispensáveis:
amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.
Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma
catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a
catedral é o sinal de que ela tem história.
Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma
catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center.
É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas
de catedrais estilizadas;
neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa
de missa de domingos.
E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos,
crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno,
aquela musiquinha de esperar dentista.
Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os
veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente- se no reino dos céus.
Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no
cheque especial, sente-se no purgatório.
Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...
Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados
na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do
McDonald's.
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
"Estou apenas fazendo um passeio socrático."
Diante de seus olhares espantados, explico:
Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça
percorrendo o centro comercial de Atenas.
Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso
para ser feliz."
Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Luis Fernando
Veríssimo e outros, de "O desafio ético" (Garamond).

fonte: http://www.scribd.com/doc/16117339/Desafio-Etico-Frei-Betto

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sonhos - O POVOADO DOS MOINHOS -

Trecho do filme Sonhos de Akira Kurosawa.

Sonhos
“Akira Kurosawa Dreams”

Viajante -- Qual o nome deste povoado?
Ancião -- Não tem. Só chamamos de "O Povoado". Alguns chamam de Povoado do Moinho.
Viajante -- Todos os habitantes moram aqui?
Ancião -- Não. Moram em outros lugares.
Viajante -- Não há eletricidade aqui?
Ancião -- Não precisamos. As pessoas acostumam-se ao conforto. Acham que o conforto é melhor. Rejeitam o que é realmente bom.
Viajante -- Mas, e as luzes?
Ancião -- Temos velas e óleo de linhaça.
Viajante -- Mas a noite é tão escura.
Ancião -- Sim a noite tem de ser assim. Por que a noite deveria ser clara como o dia? Eu não gostaria de não conseguir ver as estrelas à noite.
Viajante -- O senhor tem arrozais. Mas não tem tratores para cultivá-los?
Ancião -- Não precisamos. Temos bois e cavalos.
Viajante -- O que usa como combustível?
Ancião -- Lenha principalmente. Não achamos certo cortar árvores mas bastam aquelas que caem sozinhas. Nós a cortamos e a usamos como lenha. E, se você fizer carvão com a madeira poucas árvores gerarão tanto calor quanto uma floresta inteira. O esterco de vaca também é um bom combustível. Tentamos viver do modo como o homem vivia antigamente. É o modo natural de viver. Hoje em dia, as pessoas se esquecem de que elas são só uma parte da natureza. Destroem a natureza da qual nossa vida depende. Acham que sempre podem criar algo melhor. Sobretudo os estudiosos. Eles podem ser inteligentes mas a maioria não entende o coração da natureza. Eles só criam coisas que acabam tornando as pessoas infelizes. Mesmo assim, orgulham-se tanto de suas invenções. E, o que é pior, a maioria das pessoas também se orgulha. Elas as vêem como milagres. Idolatram-nas. Elas não sabem, mas estão perdendo a natureza. Não percebem que vão morrer. As coisas mais importantes para os seres humanos são ar limpo e água limpa e as árvores e plantas nos dão isso. Tudo está sendo sujado, poluído para sempre. Ar sujo, água suja, sujando o coração dos homens.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Homem um Bicho Cultural

Talvez seja um ponto óbvio para muito mas vou contar um segrego aqui: nós não somos a única cultura deste mundo! Quando falo isso não quero dizer cultura carioca, cultura nordestina ou cultura brasileira. Falo desta nossa cultura amplamente difundida na Terra herança européia de uma longa história de genocídios (que ocorrem até o presente momento).

Apesar dos genocídios praticados ao longo da história do homem sedentário (10.000 anos), ainda podemos ver hoje em dia etnias de tribos isoladas no Acre, aborígenas na Austrália e tribos Africanas (além de muitos outras culturas). Essas culturas diferem de muitas maneiras da nossa e o que eu quero expor é o modo de vida e o seu tempo de existência. Nossa cultura como homem sedentário tem alguns milhares de anos, já a deles centenas de milhares de anos. A cultura desses povos segue uma lei básica da natureza evolutiva de todas as espécies: não exterminar nenhuma espécie e nem impossibilitar outra espécie de se alimentar. A nossa pratica uma agricultura totalitária e executa genocídios e extermínios de espécies.

Esse tema é amplo e polêmico por isso paro por aqui. Mas antes coloco uma questão. Será que nossa cultura é mais forte e por isso dominou as outras? Ou será que nesta curta história da nossa cultura ainda vamos sofrer grandes consequências, em resposta ao nosso modo de viver que quebrou algumas leis da natureza, nunca antes quebrada por nenhuma espécie ou cultura.

sábado, 2 de maio de 2009

Marcha da Maconha - Dia 9 de maio - Sabado - Posto 9 Ipanema - 15h

Eu apoio abertamente a legalização da maconha e você? Porque uma erva medicinal deveria ser proibida? Porque uma planta com ampla função industrial deveria ser proibida? Porque se gastar tempo, energia (dinheiro) com isso? Porque tanta hipocrisia? Porque tanta desinformação sobre o assunto? Porque tanto tabu? Penso que muitos setores da nosso sociedade estão ganhando com está ilegalidade. Por isso o debate não é interessante para estes indivíduos que só querem sugar a nossa já decadente sociedade. Cada vez mais vejo que precisamos nos mobilizar porque sem a mobilização não há mudança. Se esperarmos sentados nada muda! É preciso debater abertamente a questão. Informação antes do debate! Se informem e depois tomem um posicionamento.





Carta Aberta à Sociedade Brasileira
Sobre a necessidade de debater a maconha

Por, Sergio Vidal [1]

Visualizar em http://www.marchadamaconha.org/blog/carta-aberta-a-nacao-brasileira_742

terça-feira, 31 de março de 2009

Hora da Vida

As palavras de Leonardo Boff sem dúvida alguma entram na alma de qualquer um que se de a chance de ouvir palavras sinceras e amorosas de um verdadeiro visionário vivo. Desfrutem a oportunidade de ter acesso a essa palestra e saibam aproveitar. Uma hora de reflexão para todos! Com certeza muito mais produtivo que apagar luzes sem propósitos sinceros.


sexta-feira, 27 de março de 2009

Hora do Planeta

Hoje estive pensando sobre "A Hora do Planeta". Bem a essa altura todos já devem saber que está é uma campanha para que se apaguem as luzes por 1 hora entre 20:30 até 21:30 do dia 28 de março.
Acho que está campanha poderia ser mais reflexiva sobre nossa casa e a relação que temos com ela. Realmente é muito bonito uma ação global pensando no planeta mas será que realmente estamos refletindo sobre o nosso modo de viver? Já não é tempo de pensarmos sobre nossa civilização? Talvez não seja uma coisa de outro mundo pensar numa maneira diferente de viver. Ainda é tempo!
Pense bem: se todos nós consumirmos menos energia e os países assinarem 400 tratados e abaixarem suas emissões. E aí eu me pergunto? E a água vai ser limpa? E o solo vai deixar de se desertificar? E os transgênicos vão começar a aceitar a diversidade na natureza? E a agricultura vai deixar de ser totalitária para começar a aceitar outros paradigmas? E as grandes corporações vão passar a ter responsabilidades reais perante ao mundo e vão parar de devora-lo?
Tenho esperança! Sonho todo dia! Mas realmente e infelizmente constato aqui com meu caro leitor que me parece que essa campanha "A Hora do Planeta" quer só tapar o sol com a peneira! Não é cômodo demais achar que nesse sistema capitalista podemos realmente conviver em paz com nossa casa e prosseguir em paz? Ou indo mais fundo nesse sistema civilizatório que não permite que as outras espécies tenham chance de evoluir que nem nós tivemos?
Fiquem com uma pequena animação para reflexão.

Direção: Chris Stenner, Arvid Uibel e Heidi Wittlinger
Produção: Filmakademie Baden-Wüerttemberg
Alemanha / 2001 / 8 min.12 seg.

Prêmio Especial do Júri Anima Mundi 2002.
Indicação ao Oscar de "Melhor Curta-Metragem em Animação" - 2003

http://www.youtube.com/watch?v=1zyLfEFAxoc

(Agora funcionando)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Além da Civilização

Aloha navegantes! Resolvi criar este blog para colocar alguns materias (textos, videos, fotos, etc) que andam pipocando na minha cabeça! Quando a inspiração bater vou escrever algumas reflexões também. Espero que fiquem a vontade para criticar, sugerir, debater, refletir, desabafar, etc.

Vou começar com Daniel Quinn autor que anda mexendo muito com meu modo de ver a história da civilização e que tem um titulo bem sugestivo para o início do blog. Este texto foi tirado do livro Além da Civilização.

Uma fábula para começar
Há muito, muito tempo, a vida evoluiu num certo planeta, produzindo muitas organizações sociais — alcatéias, matilhas, cardumes, manadas, bandos, rebanhos, e assim por diante. Uma espécie cujos membros eram particularmente inteligentes desenvolveu uma organização social singular chamada “tribo”. O tribalismo funcionou bem para eles durante milhões de anos, mas chegou um momento em que decidiram experimentar uma nova organização social (chamada “civilização”), que era hierárquica e não- igualitária. Não se passou muito tempo e aqueles que ficavam no topo começaram a ter uma vida de grande luxo, usufruindo de um lazer perfeito e tendo o melhor de todas as coisas. Abaixo deles, uma classe formada por um número maior de pessoas vivia muito bem e não tinha do que queixar. Mas as massas que viviam na base da hierarquia não gostavam nem um pouco daquilo. Trabalhavam e viviam como animais de carga, lutando só para continuarem vivos.

“Isso não está dando certo”, disseram as massas. “O modo de vida tribal era melhor. Deveríamos voltar a viver daquela forma”.

Mas o chefe, que ficava no ponto mais alto da hierarquia, disse:

“Abandonamos para sempre aquela vida primitiva. Não podemos voltar a ela”. “Se não podemos voltar”, responderam as massas, “então vamos em frente — na direção de algo diferente”.

“Não, não pode ser”, disse o chefe, “porque nada diferente é possível. Nada
pode existir além da civilização. A civilização é um invento final, insuperável”.

“Mas nenhum invento é insuperável para sempre. A máquina a vapor foi suplantada pelo motor a gasolina. O rádio foi suplantado pela televisão. A calculadora foi suplantada pelo computador. Por que seria diferente com a civilização?”

“Não sei por que é diferente”, disse o chefe, “mas é”.

Mas as massas não acreditaram — nem eu.