quarta-feira, 18 de março de 2009

Além da Civilização

Aloha navegantes! Resolvi criar este blog para colocar alguns materias (textos, videos, fotos, etc) que andam pipocando na minha cabeça! Quando a inspiração bater vou escrever algumas reflexões também. Espero que fiquem a vontade para criticar, sugerir, debater, refletir, desabafar, etc.

Vou começar com Daniel Quinn autor que anda mexendo muito com meu modo de ver a história da civilização e que tem um titulo bem sugestivo para o início do blog. Este texto foi tirado do livro Além da Civilização.

Uma fábula para começar
Há muito, muito tempo, a vida evoluiu num certo planeta, produzindo muitas organizações sociais — alcatéias, matilhas, cardumes, manadas, bandos, rebanhos, e assim por diante. Uma espécie cujos membros eram particularmente inteligentes desenvolveu uma organização social singular chamada “tribo”. O tribalismo funcionou bem para eles durante milhões de anos, mas chegou um momento em que decidiram experimentar uma nova organização social (chamada “civilização”), que era hierárquica e não- igualitária. Não se passou muito tempo e aqueles que ficavam no topo começaram a ter uma vida de grande luxo, usufruindo de um lazer perfeito e tendo o melhor de todas as coisas. Abaixo deles, uma classe formada por um número maior de pessoas vivia muito bem e não tinha do que queixar. Mas as massas que viviam na base da hierarquia não gostavam nem um pouco daquilo. Trabalhavam e viviam como animais de carga, lutando só para continuarem vivos.

“Isso não está dando certo”, disseram as massas. “O modo de vida tribal era melhor. Deveríamos voltar a viver daquela forma”.

Mas o chefe, que ficava no ponto mais alto da hierarquia, disse:

“Abandonamos para sempre aquela vida primitiva. Não podemos voltar a ela”. “Se não podemos voltar”, responderam as massas, “então vamos em frente — na direção de algo diferente”.

“Não, não pode ser”, disse o chefe, “porque nada diferente é possível. Nada
pode existir além da civilização. A civilização é um invento final, insuperável”.

“Mas nenhum invento é insuperável para sempre. A máquina a vapor foi suplantada pelo motor a gasolina. O rádio foi suplantado pela televisão. A calculadora foi suplantada pelo computador. Por que seria diferente com a civilização?”

“Não sei por que é diferente”, disse o chefe, “mas é”.

Mas as massas não acreditaram — nem eu.

3 comentários:

  1. Belo começo! Bem eu acredito que nossa sociedade está organizada desta forma, cristalizando hierarquias e vendendo a idéia de que a única forma possível de se viver é essa e que o resto é ilusão. Ilusão é achar que não ser feliz é normal.

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  2. Hoje, lendo Paulo Freire...sobre ética, responsabilidade, sobre a vocação ontológica do homem para o ser mais...vi uma crítica feroz e lúcida e uma coisa linda:
    "Daí a crítica permanentemente presente em mim à malvadez neoliberal, ao cinismo de sua ideologia fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia".

    "Reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro, permita-se-me reiterar, é problemático e não inexorável."

    Boa sorte
    Todo poder à palavra
    Beijo grande

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  3. Com Mateus e Ana comentando aqui sem dúvida alguma meu blog vai ficar inspirado! Belas contribuições!

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