domingo, 30 de agosto de 2009

Poesia aflora no sertão

A Flor do Sertão

O Sertão é verde
O Sertão é frio
Chove sim, cai do céu
Sorriso tem
E confiança também
Povo trabalhador e tranquilo
Sem medo nos olhos
Felicidade Abundante
Simplicidade que vigora
Agora entendo
Como a vida
Mostra muitos jeitos
E o certo
Não há
Cada caminho é um
E o respeito ao caminho do próximo
é um belo começo de caminho
Possibilidades irradiantes encontro
nas flores
do sertão

Borboletas de Marizá

O que é, se faz possível
De todas as formas, e me disse
Em forma de borboleta: Amar
Além do concreto
Além do asfalto
Além do muro erguido
Além da fumaça
Além do mormaço
Além da linha de fogo, troca de tiros
Além do semáforo
Além da faixa de atropelamento
Pare. Atenção. Siga. Na contramão persista
Além do tráfego
Além do tráfico de
Órgão. Corpos. Seres vivos e não-vivos
Além do alçar vôo
De crianças de sete anos
Aeroporto de âncoras enferrujadas, kamikazes
de sonhos
Além dos sorrisos descoloridos
Além dos ternos monocromo-acinzentados
Além dos passos rápidos por falta de motivos
Além das janelas de repartições
Além de birôs de departamentos
Além de varas de jurisdições
Além de protocolos
Além das fixas de cadastros
Preenchimentos de segundas vias
Além de pulos de prédios com quinze andares
Além de jogar-se no trilho do trem
Além do compulsivo esbelto, anfetaminas.
Além, muito além de qualquer
Cerca eletrificada, documento de propriedade
Numero de identidade, registro civil
Além de nós mesmos, dentro de si mesmo
Além do olho-bisturi e ouvidos-ratoeira
Além da boca castradora
Encontrei céu aquarelado
Encontrei azul, nublado
Alaranjado, multicolor
Encontrei flores amarelas
Encontrei vermelho, rosa
Encontrei Mandacaru, Uricuri, Juá
Encontrei o pote
Onde fadas guardam perfumes
Polens reluzentes primaveris
Encontrei o pote dos duendes
E não havia as minhas sandálias
Achei seixos com pinturas de mandalas
Encontrei o pote onde arco-íris
Deságua, borboletas e grilos
Tocam a música que flori o sertão
Encontrei casa de oito lados
Cajueiros aos quais eu era neto
Encontrei ganso ou pato ou marreco ou Geraldo
Encontrei o caminho das pedras
Que rodopiavam até o Ganges
Lugar sagrado onde me encontrei
Encontrei a fogueira da minha inteireza
Onde o cacique alisa meus cabelos
Aquece minha face, afaga meus sonhos
Encontrei cura, sanação pelas mãos
Através das mãos, meditação
Sob estrelas e lua plena
Encontrei pedras altas
Onde o vale encantado se mostrava
Como grande sorriso de amor
Encontrei a bruxa branca
Semeadora do transformar
Encontrei-me novamente, ah... Marizá.

Por Philippe Wollney

As Peles do Homem - As Casas de Deus

Assim como a Mãe e seu Filho(a) compreendem, através de uma sabedoria Maior, um ao outro,
relacionando-se numa dança Sagrada, nuntrindo-se...
assim é a Sagrada Relação de todos os filhos e a Terra Mãe.

Nutrir-se um ao outro? não é a Mãe que sempre nutre ao filho?
...que é amamentado e sustentado por Sua Mãe?
de um certo ponto de vista isso é verdade...
entretanto também nutrimos nossa Mãe com partcipação ativa/criativa

... os fihos/as atingem sua maturidade e essa interação passa por suas transformações,
de filho, agora maduro ele(a) se transforma em amante, esposo e pai.
Um amante que agora ama a Terra,
um esposo que agora ama e semeia a Terra
um Pai que agora cuida da Terra e de seus filhos,
junto da agora Mãe, Esposa e Anciã.
E é Como Anciã a Terra nos diz sua Sabedoria.

Entretanto esquecemos como é ser Filhos,
quiçá esposos, e mais ainda não sabemos co-criar com a Terra, não sabemos ser Pai/Mãe com a Terra.
não sabemos mais ouvi-la como anciã.

"As Peles do Homem - As Casas de Deus"
propõem esse reaprendizado,
inspirado no trabalho do Austríaco Hunderwatsser,
que nos diz sobre As Peles do Homem(Ser Humano):
a primeira pele a Epiderme,
a Segunda pele nossa Roupa,
a terceira Pele a Casa,
a quarta pele a Sociedade, as relações,
a quinta pele o Eco, o Ambiente a Terra...
Já de saída essa concepção nos remete à responsabilidade enquanto parte ativa,
afetantes/afetados por todas as "peles"
d'onde cada pele influencia e é influenciada pelas outras...
todas "Casas de Deus"
onde agora não mais o Homem (ser humano) ocupa um lugar central/antropocêntrico
mas sim como sendo mais uma manifestação do Divino, da Divindade, de Deus Mãe Pai, que habita em todas as coisas,
em todas as "Casas", em todas as Peles.

E é aqui que entra a Permacultura,
como uma ciência Integrativa
que compreende as peles do Homem,
que compreende a integração entre as peles do Homem
e as Casas de Deus

fonte: http://www.humanaterra.blogspot.com/

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Passagem do Sertão...

"...esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena. Quem, senão um exilado, arriscar-se-ia a destruir esta bela terra com a guerra nuclear e a poluição ambiental? Sentirmo-nos como exilados solapa nosso incentivo para mudar a perspectiva. Condicionaram-nos a acreditar que somos máquinas - que todas as nossas ações são determinadas pelos estímulos que recebemos e por nosso condicionamento anterior. Como exilados, não temos responsabilidade nem escolha. E o livre-arbítrio é uma miragem."

fonte: Amit Goswami - O UNIVERSO AUTOCONSCIENTE (consultado na biblioteca do Marizá Epicentro)

http://www.scribd.com/doc/3079992/Amit-Goswami-O-UNIVERSO-AUTOCONSCIENTE-Como-a-Consciencia-Cria-o-Mundo-Material?autodown=pdf